Manifesto 15 de Agosto

REALIZADA EM: 08/2006

LOCAL: Praia de Copacabana, Cinelândia e Av. Jardim Botânico

PROJETO DE PESQUISA. Performance artística com foco na reflexão sobre o horário eleitoral gratuito e o papel da comunicação nas eleições. Intervenção que integra reflexão teórica, pesquisa técnica desenvolvimento projetual, criação artística, análise e publicação. Intervenção urbana inspirada no carnaval e a ocupação com imagens surreais do espaço da cidade.

Apresentação

Ao contrário das manifestações tradicionais que carregam faixas e cartazes, os acrobatas fizeram uma manifestação silenciosa que deixou os pedestres curiosos.

(Fabiana Cimieri do Jornal O Estadão)

O MANIFESTO 15 DE AGOSTO destaca esta data em nosso calendário como um símbolo da crise do processo político, instrumento máximo da democracia. Esse dia foi a data do início do horário eleitoral gratuito de 2006. Uma programação com alto grau de rejeição pela população em geral revela o nosso desconforto em enfrentar a maneira como fazemos política.

O MANIFESTO 15 DE AGOSTO é uma intervenção urbana que visou, através do estranhamento e da poesia, mobilizar a sociedade para essa reflexão tão desgastada. A imagem do corvo veio no primeiro momento como um símbolo de luto.  Não luto como nulidade, mas sim pesar, crise e introspecção.  Uma perplexidade surda que era a grande tradução de nosso olhar sobre nosso próprio desgaste ético.

Uma pesquisa mais detalhada sobre a mitologia em torno do corvo confirmou a intuição inicial: o corvo como arauto de más notícias era sem dúvida a metáfora indicada.

A intervenção silenciosa no espaço urbano remeteu às ancestrais procissões fúnebres.  Por outro lado, a direção de arte se inspira na eficácia do carnaval de rua em transgredir o espaço do cotidiano e carnavaliza essa imagem grotesca em fantasia poética com materiais e processos típicos dessas comemorações.

O circo é o último elemento que permite com suas técnicas de subversão estética criar tais imagens.

A pesquisa em ‘Design de histórias’ se alia a noção de Performance para projetar a totalidade da experiência (reflexão teórica, direção de arte, planejamento de produção, documentação etc.).

Descrição

Cinco acrobatas em pernas de pau se caracterizarão de corvos realizaram uma caminhada exótica, modificando alguns cenários cotidianos. O inesperado das figuras e o marco desse dia propiciaram à população uma provocação para que essa data não passe desapercebida ou subvalorizada.

A intervenção teve a seguinte dinâmica:

-Foram 3 caminhadas de 25 minutos cada em pontos diferentes da cidade planejadas com antecedência, desde do traçado trajeto (pesquisa de local e recursos  – ver figs. 1 a 3), até ensaios nos próprios locais (fig. 4);

– A intervenção começou na Cinelândia, a segunda intervenção aconteceu na Av. Atlântica e a última no Jardim Botânico.

Além da caminhada, essa intervenção contou ainda com quatro outros vetores de mobilização:

– ASSESSORIA DE IMPRENSA: antes da data um release foi distribuído para os diversos veículos de comunicação para que a caminhada pudesse ser documentada.  Apesar de se manter o caráter sigiloso para a população em geral (que devia ser surpreendida com a cena), a assessoria de imprensa forneceu informações mais concretas sobre o manifesto, dando ao estranhamento estético do evento um sentido mais preciso que não seria possível entender exclusivamente a partir da cena dos corvos.

A idéia é que as pessoas ao chegassem ao trabalho ou às escolas e comentassem o fato assistido nas ruas e que os meios de comunicação legendassem o evento com o seu objetivo final: lembrar da data de 15 de agosto.  Algumas matérias foram publicadas como as do Globo online e Estadão (figs. 5 e 6)

– DOCUMENTAÇÃO: todo a intervenção foi documentada em vídeo e fotografia sob a coordenação do N.A.D.A (ver vídeos).  Os fotógrafos e os vídeomakers capturaram os corvos e a reação das pessoas simultaneamente.  O resultado estético dessa documentação e os depoimentos recolhidos foram usados em diferentes disciplinas no DAD (Departamento de Artes e Design) da PUC-Rio que não só montaram um registro plural do evento, mas também se permitiram modificar e reler a mensagem do manifesto, propondo um novo olhar sobre a crise. O artista Rafael Megetto também acompanhou o evento produzindo um grafite durante a caminhada (fig. 7), assim que como o fotógrafo João Penoni (fotos acima).

– EXPOSIÇÃO : O resultado dessas produções gerou um segundo manifesto na PUC-Rio. Como um último gesto de mobilização onde poderão ser expostos os resultados dessa documentação Com organização do LaDeh e e NADA (ver em publicações).

– PESQUISA: Durante todo o processo, o LaDeh coordenou a pesquisa teórica e técnica (fig. 8), produzindo as simulações em computação gráfica (fig.9) documentação, artigos e exposição (ver fig. 10, vídeos e publicações).